O porquê do Anonimato

O anonimato é uma condição ou qualidade do que é anónimo, ou seja, sem nome ou assinatura.
Em alguns países, trata-se de um direito individual, relacionado com o direito à privacidade, onde é permitido aos cidadãos ocultar a sua identidade em diversas situações.

Para reflectir sobre o porquê do anonimato, torna-se necessário tentar perceber como e porque surgiu, pensar em que situações a sua utilização é normal para o comum dos cidadãos (como por exemplo para os Alcoólicos  Anónimos) ou como a ocultação da autoria poderá implica poder, por exemplo.

O anonimato surge apenas quando o Homem começa a identificar-se individual ou colectivamente como autor de acontecimentos, obras, documentos, coisas... E surge por motivos e necessidades também individuais ou colectivas. No fundo, a ocultação deliberada da identificação da autoria de algo desde sempre possui uma motivação ou motivo concretos.

Tarefa mais complicada é perceber esses motivos que poderão estar por detrás do anonimato. Embora possamos enumerar uma infindável lista de motivos "padrão" para o anonimato, uma reflexão bem mais profunda leva a concluir que para as perceber, seria necessário compreender os meandros do comportamento humano - uma aventura verdadeiramente interessante. No entanto, de entre essa lista de motivos, os mais comummente sublinhados são:
 - o medo - de represálias, de um "sistema" desacreditado pelo próprio e em que se está inserido, das consequências individuais, colectivas ou para terceiros, de conotações da sociedade, de juízos de valor de terceiros (infundados ou injustos), de falta de apoio, de errar ou estar errado...
 - a necessidade - que está directamente relacionada com o medo, pois justifica-se a necessidade com o "fundado" receio da possibilidade de ocorrerem factos que se temem;
 - a cobardia - quando o anonimato cobre um acontecimento ou objecto que causa de forma explícita prejuízos de diversa ordem a algo ou alguém, atingindo directamente os seus direitos, provocando sentimentos e emoções negativas em geral.

Mas a compreensão destas e outras motivações, implica, a meu ver, também compreender que cada pessoa é única na sua essência - que o ser humano em que nos vamos tornando e como se molda o nosso comportamento é resultado de uma panóplia de variáveis. Entre elas, as experiências vividas, a sociedade e micro-sociedade em que nos inserimos e vivemos, os valores e convicções pessoais, as capacidades e limitações emocionais e intelectuais, os sucessos e fracassos ... uma "vida única".

Ter a capacidade de compreender e respeitar que por de trás de um anonimato está uma "vida única", moldada por inúmeras e complexas variáveis, que levam alguém a adoptar esta qualidade ou condição, permite-nos eliminar sentimentos de revolta, vingança, tristeza ... enfim, sentimentos e emoções que não nos permitem ser felizes e viver em paz com a vida.
Compreender como as atitudes e as pessoas não são a mesma coisa e que as primeiras não dependem apenas das próprias pessoas, permite-nos aceitar melhor e viver melhor na diferença. Afinal, todos somos bem diferentes!

"Ser feliz não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato."

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